No decorrer da vida já perdi várias coisas – cabelos, cintura, dureza nos seios, chaves, canetas bis etc - e, infelizmente, várias pessoas. Ainda hoje sou pega de surpresa pela falta.
Sinceramente, achei que tinha superado. Não superado totalmente – porque acho que a lembrança vai estar sempre ali, mesmo que não se manifeste diariamente. Mas achei que a simples menção não machucasse mais. Mas ainda dói.
Dia desses, meu sempre sem noção chefe – um ser que fala o que quer, mas não ouve nada – foi fazer uma piadinha, daquelas sem-graça, durante uma leve discussão comigo. “Seu pai deve ter dificuldade de conversar com você, você retruca tudo o que te falam”, disparou o infeliz. O sangue subiu na hora – me assuntando, porque nunca esperei reagir assim –, dei-lhe um fora, virei às costas e fui embora. Mais pasma com a minha atitude do que com a discussão besta em si. Acabou meu dia. E devo ter ficado bem mal, pois um colega de trabalho me perguntou se eu estava bem. E eu achando que não estava dando pinta de nada.
Mas era a falta, ela estava lá. Trazendo tudo à tona de novo. Uma bosta.
É, prezados, como diria uma amiga minha: rapadura é doce mas, não é mole, não.