quinta-feira, outubro 30, 2008

Mães e traumas

Dia desses fui almoçar em um restaurante "serve-serve". Sentei-me ao lado de uma mesa com duas crianças e seus pais. A garota e o garoto deviam ter seus 9, 10 anos. Portanto tinham aquela conversinha besta de meninos nesta idade: apostavam que prato pesava mais e etc.

Assim que acabou de almoçar, o menino se serviu no vasto e delicioso buffet de sobremesas do local e voltou com um pedaço gigante de bolo de chocolate e dois brigadeiros indecentemente grandes. Todos na mesa ficaram impressionados com o apetite do moleque, até sua amiguinha que exclamou, na hora, que "agora que eu sei que tem chocolate, vou ter que comer".

Aí veio a pérola do dia. A mãe da menininha vira e fala, na frente de todo mundo: "ele pode comer porque é magro e não tem espinha. Você, não". A menina, tão sem-graça quanto uma criança consegue ficar, chutou a mãe por debaixo da mesa e encerrou o assunto ali, sentadinha de frente pro moleque que se lambuzava de chocolate em todas as suas sardas.

Confesso, realmente ela estava gordinha. Mas eu não vi espinha e, vamos combinar, depois que cresce pode ser até que a gordura dela desapareça (o famoso "estica e seca"). Ou não mas, e daí? Agora, se uma menina desssa fica traumatizada e dá um tiro na cabeça - ou na progenitora -, vão dizer que é culpa da TV, das modelos, das revistas, da Giselle Bündchen. Na vaca da mãe e nas atrocidades que ela é capaz de dizer, ninguém pensa.

Cuidado boquinha com o que fala.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Elevador


Tenho andado muito de elevador ultimamente. E nesse sobe e desce, fica nítida a falta de educação das pessoas. Devo estar ficando chata porque em várias situações tive que segurar a grosseria e ser educadinha, porque para o resto das pessoas tudo parece muito normal. Tipo, quem quer entrar acha que tem mais direito ao espaço do que quem quer sair. E dá-lhe cotovelada!

Dia desses estou eu no elevador e me entra uma mulher. Ou melhor, uma árvore. A mulher devia ter 1,90m de altura e largura. Parecia um caxotão. Nada contra pessoas grandes. Mas depois que entrou no elevador, ela se firmou em frente à porta.

Andares passando e a dona lá, fincada, parecia que tinha criado raiz. Já não bastassem suas medidas estratosféricas, ela ainda tinha uma bolsa gigante para ocupar mais espaço. As pessoas pediam licença para passar por ela, e nada. Ela não se movia um centímetro. Devia estar brincando de estátua, mas ninguém sabia disso.

Chegou a minha vez. “Licença”. E nada. Mais alto: “licença”. E nada. Todo mundo me olhando e eu presa atrás da árvore. Não deu outra: dei-lhe uma ombrada e abri meu caminho. Liberdade, enfim!

Ah! Eu fui educadinha. Pedi desculpas depois da ombrada. Uma lady.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Gira, gira, gira


O mundo dá voltas, e...

...a gente percebe que as pessoas não são quem a gente pensa que são, ou queríamos que fossem;
...dá uma preguiça danada de conviver com gente que acha que o próprio umbigo é o centro do universo e que só fala de si, por si e para si;
...tem cada vez mais gente que fala demais, e escuta de menos;
...dá vontade de chamar a atenção: vamos parar de julgar?

Em compensação...

...as crianças da minha vida estão cada vez mais lindas, sorridentes, espertas e engraçadas;
...meus amigos, mais queridos;
...minhas perspectivas, maiores. Com tombos menores;
...meus desejos se realizando; e...
...minhas celulites estão sumindo!

Põe pra rodar!

quinta-feira, outubro 02, 2008

Não tenho pressa

De novo, a pressão. De casamento, de concurso, de um emprego melhor. Dias vão e vêm, e o sentimento insiste em dar um olá.
Como costumo dizer: vou fazer uma camiseta! "Let it be" em letras garrafais! Se eu, a maior interessada na história, estou calma, o quê o resto do mundo tem que estar ansioso com a minha vida? Eu hein...
Aprendi com um amigo (se é que posso chamá-lo assim. Acho que sim) blogueiro a admirar Fernando Pessoa. E copiei do blog desse amigo o texto abaixo, que diz tudo.

Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passe adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salte por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exatamente onde o meu braço chega
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso.
Só me posso sentar onde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E somos vadios do nosso corpo.
(Fernando Pessoa)