quarta-feira, maio 30, 2007

Zoológico

Cheguei atrasada no cursinho ontem e tive que sentar fora do meu canto habitual. Conseqüentemente, fiquei cercada de um monte de gente engraçada. Observado os seres ao meu redor, classifiquei algumas das figuras com quem eu convivo. No meu zoológico tem...

O bicho-chato: aquele cara que acha que sabe tudo (se soubesse não estava fazendo cursinho, né?), que ri de tudo o que o professor fala – muitas vezes, sozinho, como se só ele tivesse entendido a piada – e que sempre tem um comentário a fazer. Pra piorar, fala fino, é gordinho e cabeçudo, mas faz questão de sentar na sua frente e tapar sua visão.

O bicho-burro: encontrado também no gênero feminino. É aquela pessoa que pára a aula pra perguntar o que o professou acabou de falar. E se alguém ressalta a estupidez da pergunta, ele apela e agride verbalmente. Devia entrar em extinção.

O bicho-preguiça: não necessita de muitas explicações. Chega, deita e dorme. A aula toda. Só se levanta no intervalo e na hora de ir embora.

O bicho-doido: está explícito que ele só está lá porque alguém obrigou. A mãe, o pai... Chega largadão, com mp3 player no ouvido, não copia quase nada. E também não incomoda ninguém.

A tartaruga: que as tartarugas vivem mais de cem anos, todos sabemos. Mas estudar com uma “tia-velha”, ninguém merece. Essa espécie tem características peculiares e irritantes: usa sempre a mesma roupa (“roupa de ir pra aula”), reclama de tudo o que acontece na sala – o ar-condicionado, as conversas paralelas, as piadas do professor, a cadeira nada confortável. Chega 5 minutos antes do início da aula e quer conseguir um lugar na frente, longe do vento do ar-condicionado, na carteira de canhoto e ao lado de um lugar desocupado para poder colocar a bolsa. Tudo isso em uma sala com 150 pessoas. Para piorar, se mete na conversa dos outros e faz questão de declarar: “o casamento salvou minha vida”. Ah, tá. O casamento. Sei bem o que te salvou...

quarta-feira, maio 23, 2007

Um divã e um cofrinho

Não vou me casar por agora, mas já tenho dois itens em uma lista de presentes: um divã e um cofrinho. Jornalismo, Direito, nada disso. Eu devia ter feito Psicologia. Nunca pensei nisso, mas chego à conclusão de que tenho cara de psicóloga.
Não me incomodo em ouvir problemas de amigos e aconselhá-los quando solicitada. Pelo contrário, fico feliz. Ser uma boa amiga é a única coisa que eu sei fazer perfeitamente (sem modéstia mesmo). Mas, ultimamente, pessoas totalmente alheias ao meu círculo de amigos têm me procurado para dividir suas lamúrias. Então, quero um divã (com rodinhas e dobrável, de preferência) e um cofrinho. Já que eu tenho que ouvir as histórias dos outros mesmo sem pedir, vou tirar proveito disso.
Certa vez, quando eu estava no 2º ano do ensino médio, uma colega de classe se sentou na minha frente, olhou para mim e disse: “você me passa uma confiança danada, quero conversar com você”. E começou a chorar, do nada. E desabafou todos os problemas. Ouvi, claro, falei o que eu achava... A partir daí, o negócio degringolou. Já ouvi confissões sexuais, já me pediram para acobertar traições, sei ‘podres’ de pessoas com quem tenho zero relacionamento. Em 100% dos casos, as informações provêm de pessoas com quem tenho (ou já tive) relacionamento profissional ou superficial (do tipo “oi, tudo bem, bom dia” e afins).
Os casos piores acontecem com gente que eu nunca vi na vida. Já cansei de entrevistar pessoas por telefone e encerrar a ligação sabendo muito além daquilo que eu perguntei. Peguei uma linha cruzada uma vez, onde duas amigas estavam discutindo por causa de um cara e, quando vi, estava de intermediária da briga. Já me ligaram para fazer uma pesquisa sobre os veículos de comunicação da cidade e eu fiquei uma hora no telefone com a pesquisadora, batendo o maior papo. E por aí vai.
A última aconteceu essa semana. Fui colocar gasolina e, na hora de passar o cartão, o frentista puxou papo. “O clima tá seco, né? Aí o povo aproveita para não vir trabalhar. Dos quatro que tinham que estar aqui, só tem eu. Já vi que vou sair às nove da noite. Faz duas semanas que eu trabalho além da hora. Saio às cinco da tarde. Quis tirar folga no sábado, mas não deixaram. Era pra eu sair às duas, saí às seis e ainda ouvi reclamação. Um monte de gente querendo trabalhar e eles segurando esse povo. E fica sobrecarregando a gente. E quem não vem nem liga pra avisar, não”. Acreditem se quiser. O moço quase não respirava entre uma frase e outra. E eu lá, esperando a chave do carro. Se eu tivesse meu divã e meu cofrinho, nem tinha pagado a gasolina.


sábado, maio 19, 2007

And The Oscar goes to...


O que você faria se, aos 30 anos e à beira de um ataque de nervos, recebesse uma ligação assim:

“Olá! Meu nome é fulana* e quem me deu seu telefone foi a siclana*. Ela é sua amiga, não é? Pois bem, ela te presenteou com uma hidratação facial completa. Ela é minha cliente, e estamos promovendo produtos estéticos para a pele. São produtos importados e, a princípio, estamos divulgando apenas com pessoas indicadas. A siclana indicou também a irmã dela. Você está interessada?”

Isso aconteceu comigo há duas semanas. Como foi uma amiga quem me indicou, concordei. E aí começou o meu inferno particular. Por motivos que não vêm ao caso, tive que remarcar o agendamento da tal da hidratação. Desisti e tentei escapar, mas a “esteticista” não me deixava em paz. Me ligou tanto, e tão insistentemente, que fui.

Marquei a “consulta” para ontem, sexta-feira, às 14h. Cheguei ao “consultório” e, assim que adentrei a sala, percebi a cilada. Esteticista o caramba, a mulher vendia HERBALIFE. Eu ia sair e fugir, mas ela me viu. Tarde demais.

Então, começou a “novena”. A mulher me sentou e deu início àquele discurso sem fim que eles aprendem na lavagem cerebral. Falou, falou, falou e falou. E eu listando, mentalmente, todas as maneiras possíveis de matar a tal da “amiga” que tinha me posto nessa roubada. Finalmente, decidi: estou no inferno, vou abraçar o capeta. E entrei na onda da fulana. Assumi minha cara-de-pau e fui a melhor das ouvintes, a mais crédula das clientes. Agi como se estivesse à frente da solução de todos os meus problemas. Elogiei os produtos, exaltei seus efeitos...

Fiquei lá por uma hora e meia. Ao fim, claro, veio a conta. Dos oito produtos que ela usou em mim, escolhi três como os mais “fundamentais para a minha beleza”. Ela acrescentou mais um e soltou a bomba (já esperada por mim): “são R$ 270,00”. Fiquei com medo de ela ouvir a gargalhada dentro da minha cabeça. Mas mantive minha máscara de madeira, olhei sério pra ela e disse. “Ok. Mas, eu não vim aqui comprar nada.” Ela insistiu, me deu descontos, falou que eu podia dar cheque pré-datado... “Eu não vim aqui comprar nada”, repeti, como um mantra. “Olha, desculpa se você perdeu seu tempo, pois estou aqui há mais de uma hora, mas não vou levar nada. Vim para uma hidratação, e só”. Sem graça, ela esclareceu que minhas desculpas não eram necessárias. Afinal, ela não estava lá para vender e, sim, para divulgar os produtos apenas. E lá veio a gargalhada mental, de novo...

Como última tentativa de conseguir algo, ela apelou: me pediu dez indicações de amigas (coloquei cinco pessoas: três foram totalmente inventadas e as outras duas foram devidamente instruídas por mim para mandarem a fulana à merda, caso ela ligue), e me ofereceu emprego. Sim!!! “Você é muito simpática e comunicativa. Quer ganhar até três mil reais de renda extra, trabalhando apenas três horas por dia?” A deixa que eu esperava.

“Nossa, jura? Lógico, quem não quer? Vai ter um coquetel na quinta à noite? Você me arrumaria um convite? Ótimo, quero muito vir, sim, muito obrigada”, disse eu, na minha melhor atuação da vida. “Na terça-feira eu te ligo para saber do convite”, completei.

E saí, depois de ser devidamente apresentada para o dono do escritório, que ganha R$ 14 mil só com Herbalife. Com ódio da minha amiga e com fome, pois eram 16h e eu não tinha almoçado. Mas, feliz: minha cara-de-pau estava muito bem hidratada.

*Os nomes foram preservados porque eu sou educada

segunda-feira, maio 14, 2007

Prova de amor

Como algumas pessoas já sabem, eu tenho um amor secreto. Ele não larga do meu pé e aparece sempre nos momentos mais indesejáveis. O nome dele é Murphy, aquele da lei, que quase sempre resolve aprontar comigo, e só comigo. Vamos aos fatos.

Há mais de um mês atrás aderi às lentes de contato por dois motivos: primeiro porque minhas córneas necessitavam de apoio; e, segundo, porque queria ver uma amiga entrando na igreja no dia do seu casamento sem ter aquela neblina na vista, e sem ter que esconder minha produção atrás dos óculos. Para evitar qualquer imprevisto, fiz tudo com antecedência e segui as recomendações à risca. Usei as lentes por um mês, fiz o teste, sem problemas. O casamento, marcado para o dia 12 de maio poderia, enfim, ser acompanhado por mim. Mas....

Meu olho esquerdo começou a doer. Não agüentava ficar cinco minutos com a lente. Fui à médica, que detectou uma ferida na minha córnea. Passei remédio, tirei a lente, fiquei curada. Uma semana depois, novo machucado e novo diagnóstico. “A curvatura da lente está errada, vamos ter que substituí-la. A nova chega entre 15 e 20 dias”. Isso aconteceu na segunda-feira da semana do casamento. Resultado: fui com uma lente só.

Dia do casamento. Eu, madrinha dedicada, cheguei à igreja na hora marcada e fui atrás do meu padrinho. Ele não estava lá. Eram dez casais, e só ele não apareceu. Faltando 10 minutos para o início da cerimônia, descobrimos que ele estava no banho, em casa. “Murphy filho da p...”, já pensei eu. Mas não foi dessa vez que ele me derrubou. Utilizei-me da minha cara-de-pau e catei um dos primos da noiva pra entrar comigo. Ela não deve ter entendido nada quando nos viu...

Minha nova meta de vida: me livrar das conseqüências da lei de Murphy. Alguma sugestão?

segunda-feira, maio 07, 2007

Questionário divino

Como todo adolescente em idade universitária, escolhi o Jornalismo pensando em ter uma grande carreira, entrevistar grandes personalidades etc. O mercado de Brasília, no entanto, derrubou minhas pretensões...
Mas, se me fosse dada a oportunidade de poder entrevistar a Deus, eu teria tantas perguntas... Algumas infantis, algumas divertidas, várias delas de cunho pessoal, lógico – o que me desqualificaria como uma profissional competente. Who cares?
Enquanto a oportunidade não vem, divido com vocês o meu “questionário”:
1 – Quais os números da Mega Sena da semana que vem?
2 – A Dercy Gonçalves é eterna?
3 – Irá Romário fazer o milésimo gol?
4 – O que as mulheres devem aprender com as cólicas menstruais? Elas têm algum propósito?
5 – São as depiladoras fundamentais para a existência da raça humana? É por isso que temos pêlos em lugares desnecessários e doloridos?
6 – Por que há um Brad Pitt para cada milhão de aberrações em forma de homens? E por que todos os Brad Pitt estão localizados em lugares desconhecidos, ou são casados, ou são gays?
7 – Por que uma pessoa com formação acadêmica ganha muito, muito menos que um jogador de futebol, cantora do Calypso, Sheila Mello, BBBs, Xuxa, Faustão...
8 – Para que servem o culote, as celulites, as estrias e a gordura abdominal?
9 – Os personagens de LOST estão mortos, no purgatório, em outra dimensão, sonhando ou no inferno?
10 - Dizem que o que é meu tá guardado. Sabes aonde?

E você, alguma pergunta?