quarta-feira, maio 23, 2007

Um divã e um cofrinho

Não vou me casar por agora, mas já tenho dois itens em uma lista de presentes: um divã e um cofrinho. Jornalismo, Direito, nada disso. Eu devia ter feito Psicologia. Nunca pensei nisso, mas chego à conclusão de que tenho cara de psicóloga.
Não me incomodo em ouvir problemas de amigos e aconselhá-los quando solicitada. Pelo contrário, fico feliz. Ser uma boa amiga é a única coisa que eu sei fazer perfeitamente (sem modéstia mesmo). Mas, ultimamente, pessoas totalmente alheias ao meu círculo de amigos têm me procurado para dividir suas lamúrias. Então, quero um divã (com rodinhas e dobrável, de preferência) e um cofrinho. Já que eu tenho que ouvir as histórias dos outros mesmo sem pedir, vou tirar proveito disso.
Certa vez, quando eu estava no 2º ano do ensino médio, uma colega de classe se sentou na minha frente, olhou para mim e disse: “você me passa uma confiança danada, quero conversar com você”. E começou a chorar, do nada. E desabafou todos os problemas. Ouvi, claro, falei o que eu achava... A partir daí, o negócio degringolou. Já ouvi confissões sexuais, já me pediram para acobertar traições, sei ‘podres’ de pessoas com quem tenho zero relacionamento. Em 100% dos casos, as informações provêm de pessoas com quem tenho (ou já tive) relacionamento profissional ou superficial (do tipo “oi, tudo bem, bom dia” e afins).
Os casos piores acontecem com gente que eu nunca vi na vida. Já cansei de entrevistar pessoas por telefone e encerrar a ligação sabendo muito além daquilo que eu perguntei. Peguei uma linha cruzada uma vez, onde duas amigas estavam discutindo por causa de um cara e, quando vi, estava de intermediária da briga. Já me ligaram para fazer uma pesquisa sobre os veículos de comunicação da cidade e eu fiquei uma hora no telefone com a pesquisadora, batendo o maior papo. E por aí vai.
A última aconteceu essa semana. Fui colocar gasolina e, na hora de passar o cartão, o frentista puxou papo. “O clima tá seco, né? Aí o povo aproveita para não vir trabalhar. Dos quatro que tinham que estar aqui, só tem eu. Já vi que vou sair às nove da noite. Faz duas semanas que eu trabalho além da hora. Saio às cinco da tarde. Quis tirar folga no sábado, mas não deixaram. Era pra eu sair às duas, saí às seis e ainda ouvi reclamação. Um monte de gente querendo trabalhar e eles segurando esse povo. E fica sobrecarregando a gente. E quem não vem nem liga pra avisar, não”. Acreditem se quiser. O moço quase não respirava entre uma frase e outra. E eu lá, esperando a chave do carro. Se eu tivesse meu divã e meu cofrinho, nem tinha pagado a gasolina.


6 comentários:

Anônimo disse...

hauhuaia é Quel... Você tb me passa uma certa confiança! Quando você comprar seu divã me avisa que eu quero estrea-lo! Tu vai ouvir, viu? hauihiaaiu!

A da linha cruzada foi surreal! kkkkk

Beiju ;*

Anônimo disse...

hauhauhauhauhauhuahuah... Adorei!!
O q falta pra mim é estrear o cofrinho, pq tu já escutou muita coisa minha, viu... Aff!! Hehehehehe

Adoro as suas Histórias!!

Beijos

:D

Anônimo disse...

Ow, larga desse vida de jornalista e de estudante de direito e vai fazer facu de Psicologia! Vai ganhar dinheiro que nem água! :)
Bjo!

Anônimo disse...

Reitchel, vc é uma figura... até o frentista do posto? Vc tem cara de psicóloga mesmo, com certeza... e que vc é uma amiga sem igual, isso é!!! Te adoro de paixão, muito bom ter vc por perto! Beijo, Ana.

Anônimo disse...

Eu já aluguei esse ouvido mil e cinqüenta vezes...é muito bom. Dou apoio na questão da Psicologia.
Beijos, amigona. Carol

Anônimo disse...

Eu posso entrar com o capital, e te ofereço uma sociedade 50-50!!!! Ofertão, imperdível! Q nem na propaganda da Star Móveis "Tá Baraaaaaaaatooooooo..." "Tô falaaaandoooooo...."!!!!
Beijos!