No dia 30 de dezembro de 2004 eu perdi uma grande amiga. 14 anos de amizade foram interrompidos por um acidente automobilístico estúpido.
Cinco minutos antes de receber o telefonema que me avisaria da tragédia, eu estava no orkut, na página dessa minha amiga, deixando uma mensagem de feliz ano-novo. Não sei se porque já era tarde da noite, não sei se porque a gente acha que os computadores e seus recursos são ‘tudo-de-bom’, estava deixando uma daquelas mensagens/desenhos do orkut que você copia e cola pra todo mundo e depois considera o serviço feito. Até que o telefone tocou. E quando o telefone toca à meia-noite, a primeira coisa que a gente pensa é que alguém morreu. Dito e feito.
Depois desse dia, passei a repensar minhas atitudes nos meus relacionamentos com família e amigos, principalmente. Eu sou da turma que não diz ‘eu te amo’ a qualquer hora e nem pra qualquer um. Quando eu digo, é pra valer. E eu não disse isso pra minha amiga. Posso ter dito umas vezes durante todo o tempo que nos conhecemos, mas queria ter dito mais. Queria ter a certeza de que ela sabia o tanto que era importante pra mim, mesmo com a distância que a ‘vida de gente grande’ tinha instalado entre a gente. Eu acompanhei o casamento, o divórcio, o nascimento dos filhos, ou outros relacionamentos. Achava que isso bastava pra ela saber o lugar dela na minha história. Talvez sim, talvez não. Mas perdi várias oportunidades de deixar esclarecido. A gente tem mania de tomar as pessoas como garantidas na nossa vida pra sempre. E foi com muita dor que acompanhei o adeus a ela e ao filho mais novo.
Depois desse acontecimento passei a dizer eu te amo com mais freqüência. Para a minha família, para os meus amigos. Sem vergonha. A gente nunca sabe o dia de amanhã.
quinta-feira, dezembro 28, 2006
É preciso dizer eu te amo
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