Fato: sou apaixonada pelos meus amigos. De verdade. E ao ler o artigo abaixo nesse fim de semana, não pude me conter em usar os famosos atalhos do PC para dividir o texto, que achei lindo e que traduz tudo o que eu acho da amizade. Confesso que me emocionei e agradeci a Deus por cada amiga que Ele me deu.
O artigo foi publicado na revista Marie Claire deste mês, e é assinado por Leila Ferreira, jornalista, apresentadora de TV e autora do livro 'Mulheres - Por que Será que Elas...'.
Amiga de infância
Elas nos ajudam a inventar quem somos, são co-autoras dos nossos roteiros de vida. Sabem exatamente quais palavras usar, ou o momento certo de não dizer nada. Ficam ao nosso lado mesmo a distância. Se você ainda não achou a sua amiga de infância, não se preocupe: ela ainda vai chegar, no momento certo
Ela conhece nosso avesso como ninguém e nos perdoa por ele, o que não quer dizer que seja cúmplice das nossas falhas. Fica feliz quando nos vê felizes -e nem precisa saber o motivo da nossa felicidade. Se choramos, chora junto. Se desabafamos, ouve com paciência infinita. E, quando fala, sabe exatamente que palavras usar. É por essas e outras que é essencial ter uma ou algumas amigas de infância do nosso lado, ainda que fisicamente estejam do outro lado do planeta. Theodora mora na Suíça há 20 anos e conta que nunca se distanciou de sua amiga de infância, que mora no Rio: 'Nos dias de inverno longo, quando o frio congela e escurece às quatro da tarde, é a Beth que me traz o sol do Rio pelo telefone e me aquece a alma'. É como a amizade de Teresa e Ester. Uma mora em Paris e a outra, no Rio, mas a sintonia entre elas é impressionante: 'Nós nos casamos no mesmo ano' diz Teresa, 'tivemos filhos nos mesmos anos, nos separamos no mesmo ano -tudo igual. Agora ela acabou de se casar novamente e eu também vou me casar'.
A comunicação entre amigas que se conhecem muito é quase telepática. 'Parece que elas sentem quando quero falar com elas', diz Núbia. 'Se estou triste, ligam do nada.' O mais curioso é que às vezes são pessoas que não se parecem nada conosco. Cynthia se compara com Juliana, sua melhor amiga: 'Ela é escorpiana e eu, canceriana. Ela parece um sol. Eu sou a lua'. É uma química própria, que funciona sempre -o que não quer dizer que não existam divergências. Existem, claro, mas até para se desentender as amigas de infância se entendem.
Nesse universo onde tudo é relativo, o conceito de tempo também é diferente. Algumas de nós ficam conhecendo suas 'amigas de infância' quando já deixaram de ser crianças há muito tempo. 'Conheci minha amiga de infância, a Tamires, há dois anos', conta Lu. 'E o cuidado que ela tem comigo é tão grande que às vezes tenho a impressão de que é minha mãe, apesar de termos a mesma idade.' Fatinha, amiga de infância que conheci na faculdade, fala sobre essas amizades que passam de recentes a eternas: 'Às vezes parece que duas pessoas foram preparadas durante muito tempo, e quando se encontram já estão sintonizadas. Aí a amizade acontece mas permanece'. Clara conheceu Carla há dez anos e conta que construíram uma amizade profunda baseada na falta de afinidade. Isso mesmo -porque as duas não poderiam ser mais diferentes: 'Ela fuma e eu detesto cigarro. Ela é gordinha. Eu sou magra. Ela ama pagode, eu odeio. E nossa última e grande falta de afinidade: eu adoro homem e ela detesta'. Clara é gay.
Fico tentando imaginar a vida sem essas amigas de sempre. Quem seríamos se não fossem elas? Elas nos ajudam a inventar quem somos, são co-autoras dos nossos roteiros de vida. É por isso que amigas de infância devem ser tratadas a pão-de-ló. Temos que carregar água na peneira pra elas. Quando penso na Cristina, que conheci aos 7 anos e que hoje atravessa São Paulo pra me trazer uma sopa quentinha quando estou doente, vejo que ela é parte do que sou. Quanta água já passou debaixo de nossas pontes e quantas pontes ainda pretendemos construir... Se você não tem ninguém assim, não fique triste. Comece a procurar sem pressa. Amigas de infância chegam sem fazer alarde e no seu devido tempo. Basta estarmos atentas.
Um comentário:
Amiga, adorei o texto!
Muito bom ter amigas assim, como vc!!! Conte sempre comigo!
Beijos, Ana.
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