Há três anos atrás, tive depressão. Leve, segundo minha médica - e Deus me livre de conhecer a pesada -, mas tive. Devido ao meu estado de espírito – que era conseqüência do meu ’insucesso’ na carreira -, passei a sentir ojeriza pela minha profissão. A palavra “jornalismo” me causava arrepios e enjôo. De verdade. Era uma sensação esquisitíssima.
Vendi meu carro, me matriculei em um curso de inglês em Londres e comecei a me preparar para sumir daqui e deixar para trás tudo de ruim que a vida estava me oferecendo. Mas a vida tinha outros planos para mim, e nesses casos querer não é poder. Só sei que de repente, na caverna aonde tinha em enfiado, surgiu uma luzinha de esperança, de que tudo ia ficar bem. No meio do meu caminho tinha um holofote... E uma força pra levantar a cabeça e seguir em frente que Deus só tinha me dado uma vez, depois que meu pai morreu. Pois aí estava Ele de novo, me ajudando como sempre. Só faltava que eu enxergasse isso.
Fiquei. Recuperei o dinheiro da viagem. Arrumei emprego mesmo me sentindo muito insegura. Mas era a hora de provar para mim – e só para mim – que eu era capaz de vencer aqueles sentimentos ruins que tinham tomado conta de mim por tanto tempo.
Prova disso é que hoje trabalho em dois lugares. Tudo bem que em um deles rola um esquema de freela. Tudo vale. Enfim, neste lugar existe muita burocracia. Todo mundo tem crachá, um de cada cor para cada função. Apesar de estar lá há quase 5 meses, até esta semana eu andava por lá apenas com a minha cara-de-pau. Mas tudo mudou. Recebi meu crachá e, de quebra, permissão para usar o estacionamento dos funcionários. “Agora você é gente”, brincou uma amiga minha que trabalha no mesmo local. Mal sabe ela que esse foi, para mim, um dos melhores sentimentos. Depois de tudo o que já me aconteceu, é muito bom ter esse sentimento de pertencer.