Primeira entrevista de emprego da vida. Estágio, na verdade, na assessoria de imprensa de um órgão do governo do DF. Murfy, que à época já me acompanhava, faz com que meu carro quebre lá na faculdade, em Taguatinga. Faz com que o reboque demore muito para chegar. Faz com que eu chegue atrasada e esbaforida à entrevista.
Meu “chefe” era conhecido devido ao fato de ter trabalhado na Rede Globo. Fiquei feliz em ver quem era porque tinha estudado com seu filho mais novo. Isso só podia contar a meu favor, caso o fato viesse à tona.
E veio, lógico. Não sei como, já no fim da conversa, falei onde tinha estudado e ele mencionou que seus filhos freqüentaram o mesmo local. Eu, bocuda de tudo, lembrei (convenientemente) que F. tinha sido meu colega. Educada, como mamãe ensinou, perguntei como F. estava.
“Chefe” engoliu seco. Seus olhos ficaram úmidos. Olhando para o chão, ele me informa que F. tinha falecido há algum tempo, vítima de um raro tipo de câncer.
Se alguém souber como se portar depois de um mega furo desses, me avise. Eu pedi pra morrer. Queria ser um avestruz e enfiar a cabeça no chão. Mas como não foi possível fazer nada disso, me desculpei e fui embora, arrasada, certa de que não tinha conseguido o estágio.
Mas, como sempre, deu tudo certo no final. E eu aprendi (ou não) a não falar sempre tudo que eu penso.